© João Morgado / 2013
“Ao aceitar o convite para integrar esta edição da revista Arrayollos dedicada ao trabalho desenvolvido pelos museus, pareceu-me oportuno abordar a questão dos públicos. Estes, embora surjam no final da cadeia dos museus, estão na ver- dade na sua raiz: os públicos e fruidores são o primeiro propósito do trabalho realizado pelos equipamentos culturais e por todos os profissionais neles envol- vidos. No entanto, essa palavra – público – parece cada vez menos óbvia à medida que a perscrutamos e procuramos analisar em detalhe. Ela é tão menos óbvia, quanto mais as instituições com ela se debatem, preocupando-se cada vez mais com a identificação e capação de “novos públicos”.”
Assim, adoptando o Atelier-Museu Júlio Pomar como exemplo, falando, por vezes, em nome pessoal, procurarei pensar o trabalho dos museus na perspectiva da programação e dos públicos, enquanto aspectos interligados mas não necessariamente dependentes. Adoptarei não o ponto de vista de quem ocupa uma posição teórica mas antes de alguém que tem implementado projectos e pensado em formas de fazer a cultura e as artes chegarem à sociedade, correndo riscos e assumindo os possíveis sucessos/fracassos como parte fundamental dessa acção e reflexão. Isto significa, desde logo, uma vontade de fazer coisas e consequentes embates positivos, negativos ou inócuos (o que também é uma possibilidade válida) com pessoas muito diferentes. Sublinho, assim, como central, os aspectos inerentes à recepção dos públicos.