O Atelier-Museu Júlio Pomar inaugura, no dia 30 de Março, às 18h, a proposta curatorial que venceu a segunda edição do Prémio Atelier-Museu Júlio Pomar/ EGEAC 2016, “Estranhos dias recentes de um tempo menos feliz“, com curadoria de Hugo Dinis, no âmbito da qual será mostrada a obra “O Almoço do Trolha”, de Júlio Pomar, entre outras obras dos artistas André Romão, Carlos Bunga, Igor Jesus, Joana Bastos, João Leonardo, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Pedro Barateiro e Rodrigo Oliveira.
“Bem recentes foram os tempos em que a ideia de crise e de austeridade passou a ser amplamente difundida pela política e pelos meios de comunicação social sobre a situação sócio-económica da República Portuguesa no seio da União Europeia. Dados actuais apontam para o aumento da pobreza enquanto a perda do poder de compra – motor da economia, tal como a sociedade está edificada – da classe média não se configura significativa. Deve-se ainda acrescentar, que também as elites económicas não parecem carecer do mesmo problema de falta de consumo.
Será digno e solidário referir que a história contemporânea foi de igual modo difícil para todos? Ou será preferível não assumir que o sacrifício e as dificuldades são sempre (ou quase sempre) suportados pela população sem expressão para que continuem nas franjas das sociedades?
Assim, os desequilíbrios económicos, sociais e culturais acentuam-se e, sem empatia, marcam definitivamente o fosso entre todos, prevendo que nos canais (de comunicação) que os separam o desespero e a luta sejam as palavras que mais ordenam. Porém, não se tentará aqui nem avaliar as culpas de um passado recente nem prever um futuro por vir, mas sim aflorar quais os sentimentos, as reações e as reflexões presentes na contemporaneidade.
Nesta óptica, as obras apresentadas na exposição “Estranhos dias recentes de um tempo menos feliz” confluem, em última instância, num rumo comum: a nostalgia da perda, da decadência e da precariedade.” – Texto de Hugo Dinis.
Ao multiplicar os pontos de vista sobre a catástrofe estas obras revelam a impossibilidade de salvação: André Romão, “O Inverno do nosso descontentamento” (2010) e “Para um Teatro Pobre” (2010); Carlos Bunga, “Sem título (modelo)” (2007); Igor Jesus, “POV” (2015); Joana Bastos, “Next money income” (2007); João Leonardo, “Untitled (Table)” (2010/11); João Pedro Vale, “Heróis do Mar” (2004) e “Coragem Portugueses, só vos falta serem Grandes” (2010); João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira “I Can Hold It, I’m Portuguese! #2” (2017); Júlio Pomar, “Almoço do Trolha” (1946/50) e “Subúrbio I” (1948); Pedro Barateiro “The Current Situation” (2015); e Rodrigo Oliveira, “Mau tempo no canal” (2004).
Por ocasião da exposição, será publicado um catálogo/livro com textos de Sara Antónia Matos, directora do AMJP, Hugo Dinis, curador da exposição, e Alexandre Quintanilha, Carmo Sousa Lima, José Neves, Miguel Vale de Almeida e Tiago Castela.
Sobre Hugo Dinis:
Hugo Dinis (Lisboa, 1977) vive e trabalha em Lisboa. Licenciado em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Pós-graduação em Estudos Curatoriais em cooperação com Fundação Gulbenkian, Lisboa. Comissariou “Eu (título em construção)” (2015) no Espaço Novo Banco, Lisboa; “A Iminência da Queda” (2009), na Galeria Diário de Notícias, Lisboa; e “Desedificar o homem” (2008), na Galeria Municipal Paços do Concelho, Dois paços Galeria Municipal e Transforma em Torres Vedras no âmbito do projeto itinerante “Antena” da Fundação Serralves.
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