17h
O Fim da Verdade Objetiva radica num programa de reflexão e discussão concebido para questionar modelos e paradigmas de atuação depois da inexistência de uma verdade única e objetiva. Partindo deste pressuposto relativo ao fim de uma matriz pela qual a sociedade se podia reger, importa identificar o que precede e o que substituirá esse paradigma baseado numa ideia de verdade unívoca.
A ocorrer no Atelier-Museu Júlio Pomar-EGEAC, O Fim da Verdade Objetiva consistirá assim num ciclo de conversas, debates e investigações dos quais farão parte oradores convidados de diversos campos de atividade e do saber: Alice dos Reis, Aurora Almada e Santos, Carolina Novo, Diana Geiroto, Jéssica Sousa, Jesualdo Lopes, João Ribeiro, Patrícia Castello Branco e Vítor Grilo Silva, e uma contribuição em formato escrito de Odete.
Motivado pela ideia de ausência de respostas e de diálogo efetivo que atualmente pauta a comunicação, o Ciclo contribuirá para a construção de pensamento crítico e para uma tentativa de contextualização dos paradoxos que envolvem as questões de comunicação, informação e respetivos canais de difusão, nomeadamente no domínio público e para o espaço público.
Ao longo de três sessões – Imagens Irresolutas, Comunidade & Interdependência e A Dissolução do Real – o Ciclo incidirá na atualização do domínio visual e as suas implicações no campo cognitivo; discutirá a presente fragmentação social e passará por uma especulação relativamente às “comunidades” e regulamentações que a sociedade está disposta a construir no futuro. Irá, por último, considerar como se pode ler e organizar toda a informação acessível no presente, sem, ainda assim, cair num excesso e acumulação de dados, desprovido de significado, contextualização ou legibilidade.
Tempos de crise são também tempos de transformação. Utilizemos este momento para pensar em conjunto, criando comunidade: que palavras/imagens e com que vozes nos pretendemos dirigir para o futuro e a esta transformação?
II – Comunidade & Interdependência / 9 julho
Nos últimos dez anos, em particular na última metade da década, assistimos a um dos mais dinâmicos processos de fragmentação social e reconfiguração comunitária. Paralelamente ou decorrente disso, gerou-se um interesse geral em debater a ideia de comunidade, ainda que pareça ser, paradoxalmente, cada vez mais difícil fazê-lo.
A partir das imagens que construímos e dos artefactos que preservamos, a segunda sessão do Ciclo procurará tentar perceber, que comunidades estamos dispostos a conceber e de que forma nos mantemos, objetivamente, interdependentes ou em polos socialmente fragmentados e separados, no presente.
A sessão contará com a presença de Aurora Almada e Santos, Jesualdo Lopes e Vítor Grilo Silva.
AURORA ALMADA E SANTOS (1981, Santa Catarina, Cabo Verde).
Historiadora e investigadora. Membro do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Doutorada em História Contemporânea no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Com diversas publicações, capítulos de livros e artigos publicados, o seu trabalho incide no estudo da dimensão internacional da descolonização portuguesa. Tem desenvolvido trabalho enquanto arquivista na Divisão do Arquivo Municipal, do Departamento de Património Cultural, da Direção Municipal da Cultura, da Câmara Municipal de Lisboa. Tem também vindo a apresentar diversas comunicações em encontros científicos nacionais e internacionais, tendo ainda participado na edição de publicações, a organização de conferências, a revisão de artigos e a execução de projetcos de investigação. Em 2016 foi-lhe atribuída uma bolsa de pós-doutoramento da Fundação Fulbright na Universidade de Tulane com o projecto de investigação: “A Call to Action”: Transnational Solidarity and the American Committee on Africa Activism against Portuguese Colonialism (1961-1974).
JESUALDO LOPES (2000, Lisboa, Portugal).
Formado no curso Técnico de Audiovisiais pela Escola Profissional de Comunicação e Imagem. Estagiou na Endemol Shine Group onde realizou as funções de Assistente de Casting e Assistente de Produção e Realização. Esteve envolvido em projetos independentes como é o caso de Respeito de Rony Fuego, enquanto produtor, Ermo de Miguel Rocha, enquanto operador de câmara, e Paramnésia de Victor Braz, enquanto supervisor de guião. Encontra-se a desenvolver o bacharelato em Filmmaking na Universidade de Leeds Beckett, em Yorkshire. Anteriormente realizou Salvador (2018) e From Us To Us (2020). O seu trabalho tem vindo a incidir sobre áreas dedicadas à discriminação étnico-racial e temáticas queer.
VÍTOR GRILO SILVA (1993, Évora, Portugal).
Artista-investigador. Licenciado em Arte e Design na Escola Massana, Barcelona. A sua prática incide sobre problemáticas linguísticas e dinâmicas sociais, bem como investigações associadas à operatividade de produções artísticas e legados coloniais. Co-fundador e co-editor da plataforma WETLAND. Tem vindo a publicar trabalho de forma independente deste 2018 e participado em exposições e trabalho coletivo desde 2017. Desenvolve e apresenta frequentemente trabalho em contexto colaborativo, aspeto basilar a toda a sua prática. Anteriormente apresentou trabalho em Barcelona, Valência e Lisboa. Publicou de modo independente vários trabalhos no âmbito da literatura experimental. Do seu trabalho prático destaca-se o Projeto de demolição do Padrão dos Descobrimentos (2020) elaborado em colaboração com O Stand. Encontra-se presentemente a desenvolver um projeto de investigação sobre museologia e intimidade.