Catálogo da exposição que procura reflectir sobre o modo como o corpo, o erotismo, a sensualidade e a sexualidade atravessaram o percurso do artista ao longo de mais de 70 anos, com especial incidência nas décadas de 1960 e 1970, altura em que o trabalho de Júlio Pomar assumiu estes aspectos de forma mais explícita.
O título desta exposição, que reúne mais de 80 obras de Júlio Pomar, parte de uma afirmação do próprio artista – «Gosto de formas que se tornam outras» – retirada do seu livro “Da cegueira dos pintores”, de 1986. E, antes, do texto “O Escrito”, de 1981: “«Amo as formas que se tornam outras». Estas palavras ocorreram-me há muito tempo: no momento (inclino-me agora a crer) em que já não podia fixar a minha pintura na evocação do movimento tirado de um espectáculo – touradas, corridas de cavalos, combates de luta livre -, movimento que eu tinha até então tratado no quadro tradicional do modelo do pintor: ou seja, como objecto ou conjunto de objectos delimitado no espaço e no tempo, cujas relações com o pintor e com a tela não tinham quebrado a unidade de lugar, de tempo e de acção da tragédia clássica” (Júlio Pomar).